Compreender o aumento dos combustíveis

5 min par ler 6 out 22

Resumo: Por que motivo os preços dos combustíveis flutuam tanto e qual é o impacto que isso tem nas empresas e na economia? Abordamos a interação destes fatores e em que medida a transição para uma economia mais sustentável pode ajudar a atenuar os efeitos da subida dos preços da energia.

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Por que motivo os preços dos combustíveis estão tão altos?

Já terá reparado que os preços dos combustíveis subiram de forma acentuada nos últimos meses. Mas quais são os motivos que explicam este aumento súbito? Há vários fatores. Durante o confinamento mundial em 2020, a procura de combustíveis sofreu uma queda significativa, conduzindo a uma descida nos preços do petróleo. Contudo, a reabertura dos países e da economia resultou num aumento repentino da procura. Como a OPEC (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) tinha limitado as quantidades de petróleo em stock, este súbito aumento exerceu pressão sobre a oferta de petróleo, provocando a subida do custo do barril de petróleo. Em seguida, as sanções impostas à Rússia no início do ano no seguimento da guerra na Ucrânia exacerbaram ainda mais esta tendência devido a receios do lado da oferta, na medida em que a Rússia é um dos três maiores produtores de petróleo a nível mundial.  

A estes fatores junta-se o efeito da taxa de câmbio do dólar norte-americano. Os EUA são o principal produtor e exportador de crude, o que significa que o sistema de preços é em dólares norte-americanos. Ao mesmo tempo, os EUA são também um importador líquido de crude, pelo que as subidas dos preços do petróleo são más para a economia americana o que, por seu turno, fragiliza o dólar norte-americano. Assim, normalmente, existe uma relação inversa entre o valor do dólar e o preço do petróleo bruto. 

A conjugação destes fatores cria um ambiente marcado por constantes alterações nos preços. Contudo, tal representa apenas uma fração daquilo que pagamos nas bombas. Os governos também podem influenciar o preço dos combustíveis, uma vez que parte desse preço diz respeito a impostos.

Qual é o efeito de tudo isto na economia?

O petróleo representa 3% do PIB (produto interno bruto) mundial. É uma das matérias-primas mais importantes e um ingrediente essencial para uma vasta gama de produtos. Se o ingrediente essencial custa mais, o fabrico dos produtos é mais dispendioso e parte deste custo acrescido repercute-se no consumidor. 

Com a confiança dos consumidores em queda, as empresas têm de apertar o cinto, o que pode afetar o crescimento económico. Como é difícil prever quando é que os preços do petróleo vão cair novamente, este sentimento de incerteza está entranhado na economia. Quando o preço do petróleo acabar por descer, infelizmente será preciso esperar algum tempo para que esta descida tenha reflexos junto das empresas e dos consumidores.

Para além do aumento da fatura nas bombas de combustível, existem muitas outras razões que explicam o motivo pelo qual a escalada do preço do petróleo está a contribuir para a inflação. A mais óbvia é o aumento do custo do transporte de mercadorias e, na nossa economia globalizada, tal tem um impacto considerável no custo de todo o tipo de coisas que compramos. Depois, também há todos os produtos que são feitos de derivados do petróleo – tudo o que é feito de plástico, fibras têxteis artificiais, produtos químicos e fertilizantes – com o subsequente impacto na agricultura e nos alimentos. O petróleo até é utilizado no fabrico de aspirinas.  

Tudo está mais caro, mas os salários não estão a subir na mesma proporção, pelo que as pessoas cortam nos gastos discricionários, o que pode causar um abrandamento da economia. Por exemplo, se as pessoas forem menos a restaurantes e fizerem menos férias, tal irá resultar numa redução da mão de obra nestas indústrias, porventura aumentando a taxa de desemprego, se todas as indústrias estiverem a passar por dificuldades. 

O aumento do preço do petróleo até poderá afetar os preços das casas por duas vias. Em primeiro lugar, se uma fatia maior do rendimento dos consumidores é canalizada para produtos essenciais (como combustíveis e alimentos), não sobra tanto para gastar com a hipoteca de uma casa o que, por seu turno, poderá fazer com que os compradores de casas procurem negócios mais baratos, provocando a desaceleração do crescimento dos preços da habitação. Em segundo lugar, no seguimento do aumento das taxas de juro determinado pelos bancos centrais para combater a inflação, os bancos também já estão a começar a aumentar os juros aplicáveis aos empréstimos à habitação, o que poderá fazer com que as pessoas não consigam comportar preços mais elevados dos imóveis. 

O aumento dos preços dos combustíveis tem alguma vantagem?

Pela positiva, o aumento dos combustíveis está a promover comportamentos mais sustentáveis. As pessoas estão a utilizar menos o automóvel e a mudar os seus hábitos para maximizarem ao máximo o combustível, optando antes por realizar “voltas” em grupo ou compras mais perto de casa. Uma melhor manutenção dos automóveis e melhores hábitos de condução contribuem para uma utilização mais eficiente de combustível. 

Além disso, agora, as pessoas podem sentir-se mais inclinadas a usar os transportes públicos. E quando se trata de comprar um novo automóvel, as pessoas estarão mais motivadas para comprar um modelo mais económico, isto é, automóveis menos poluentes, o que é um bom augúrio para o setor dos automóveis híbridos. De repente, o custo inicial de um automóvel elétrico parece menos assustador uma vez que os benefícios decorrentes dos custos de utilização mais baixos são agora muito mais evidentes.  

Esta mudança de comportamento cria um efeito em cadeia. Por outras palavras, à medida que procuramos alternativas sensíveis e viáveis para a gasolina, a indústria e a procura de cientistas e engenheiros nestes domínios estão em expansão. Quanto mais pessoas procurarem utilizar energias mais eficientes e limpas, maior a probabilidade de encontrarmos respostas sustentáveis e economicamente viáveis.

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Por M&G Investments

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