Investimento sustentável e responsável
4 min par ler 31 ago 21
Queira consultar o glossário para uma explicação sobre os termos de investimento utilizados ao longo deste artigo.
A maioria dos países já aceitaram o desafio de reduzir a zero, em termos líquidos, as emissões de gases com efeito de estufa até 2050. A necessidade de substituir as atividades baseadas em combustíveis fósseis por fontes de energia mais limpas ocupa um lugar central. Contudo, se quisermos atingir este objetivo, a adoção da economia circular será tanto uma necessidade como também uma das formas mais fáceis de diminuir as emissões.
Por economia circular, entende-se a adoção de um sistema económico que visa a eliminação do desperdício e a utilização contínua dos recursos. Os sistemas circulares baseiam-se na redução, reutilização e reciclagem para criar um sistema de circuito fechado, que minimiza a utilização de recursos e a criação de resíduos, poluição e emissões de carbono. A economia circular surje como contraponto à abordagem “extrair-produzir-descartar” dos modelos de negócio tradicionais e lineares.
Sob a perspetiva económica, o sistema circular tem como objetivo manter os produtos, equipamentos e infraestruturas em utilização durante mais tempo, assim aumentando a produtividade desses recursos.
A deposição dos resíduos nos aterros sanitários é uma importante fonte de emissões de carbono. Mediante a constante reutilização dos recursos e evitando a deposição em aterros, estaremos a contribuir positivamente para o nosso planeta e as nossas próprias finanças.
O valor dos ativos de um fundo pode diminuir e aumentar, o que fará com que o valor do investimento desça e suba, pelo que o investidor poderá receber menos do que inicialmente investiu.
*https://www.ellenmacarthurfoundation.org
Enquanto a redução das emissões relacionadas com a energia continua a ser o fator mais importante para alcançarmos a neutralidade carbónica, a transição para a economia circular constitui uma oportunidade para reduzir as emissões globais até 20%.
A reciclagem de produtos desde o cobre até ao plástico significa que poupamos energia ao evitarmos a extração e criação de materiais virgens. Os aspetos económicos também favorecem muito mais a reutilização e a reciclagem do que a compra de materiais virgens.
À medida que a regulamentação vai evoluindo para alcançarmos zero emissões líquidas até 2050, não devemos ficar surpreendidos se nos próximos anos ouvirmos falar cada vez mais na promoção e adoção de uma economia mais circular.
Tal constatação é apoiada por um estudo da Accenture que calcula que a economia circular poderá gerar 4,5 biliões de USD de produto económico adicional até 2030. O trabalho da Accenture identifica modelos de negócio circulares que ajudarão a dissociar o crescimento económico do consumo de recursos naturais, ao mesmo tempo que incentivam uma maior competitividade.
Na M&G, identificámos uma lista de empresas que promovem uma economia circular no âmbito dos seus modelos de negócio:
A Ball Corp é a maior fabricante mundial de latas de alumínio. Como o alumínio pode ser reciclado infinitamente, 75% de todo o alumínio alguma vez produzido ainda continua a ser utilizado hoje em dia. A taxa de reciclagem global das latas de alumínio é 69% sustentada no facto de o produto residual ter um valor económico e poder ser facilmente separado durante o processo de recolha. Apenas 43% das garrafas PET (plástico) e 46% das garrafas de vidro foram recolhidas para reciclagem, embora não tenham sido necessariamente recicladas.
As maiores taxas de recolha para reciclagem e os maiores rendimentos da reciclagem conduzem a uma maior circularidade das latas de alumínio e, mais importante ainda, a menos materiais que acabam nos aterros ou incinerados quando comparados com os materiais em PET e vidro.
A Brambles é uma empresa de logística da cadeia de abastecimento que está presente em mais de 60 países. Gere uma plataforma de mais de 300 milhões de paletes e grades que são a espinha dorsal invisível das cadeias de abastecimento global, servindo principalmente as indústrias dos bens de grande consumo, produtos frescos, bebidas, retalho e setor transformador em geral. As maiores marcas do mundo confiam na Brambles para o transporte de artigos essenciais de forma mais eficiente, segura e sustentável. As paletes e grades são feitas de madeira e constantemente recicladas.
A Darling Ingredients é líder mundial em matéria de reciclagem de produtos à base de carne e óleos de cozinha. Converte estes produtos em alimentos, rações para animais, produtos para indústria farmacêutica e combustíveis. Ao transformar os subprodutos da carne, o carbono é capturado e reutilizado, em vez de ser libertado na atmosfera como um gás com efeito de estufa. A Darling Ingredients conta com uma rede de distribuição de 128.000 pontos de recolha únicos nos EUA.
*As emissões de Âmbito 1 são todas as emissões diretas das atividades de uma organização ou sob o seu controlo, incluindo a combustão de combustíveis nas instalações, de veículos propriedade da empresa e emissões evasivas. As emissões de Âmbito 2 são emissões indiretas da eletricidade comprada e usada pela organização. As emissões serão criadas durante a produção de energia e acabarão por ser utilizadas pela organização.
A DS Smith é líder em embalagens sustentáveis, exemplificando o potencial da reciclagem em circuito fechado – um processo mediante o qual os resíduos são recolhidos, tratados e reutilizados para fazer o mesmo produto. Ao utilizar materiais recicláveis nas suas caixas de cartão canelado, a M&G calcula que esta empresa britânica poupa 55 milhões de árvores por ano.
O principal cliente da DS Smith é a gigante Amazon, o que confere às operações da DS Smith uma escala e um impacto enormes.
A Trex é a maior fabricante mundial de decks compósitos. Os decks compósitos são mais sustentáveis e têm melhores credenciais de sustentabilidade do que as alternativas em madeira, que constituem a maior parte do mercado de decks. A Trex também tem a sua própria rede para recolher o plástico e a madeira usados, o que impede o envio dos materiais para os aterros sanitários. Em comparação com os decks em madeira, os decks em compósito da Trex são mais sustentáveis, duradouros e fáceis de manter. Além disso, não implicam muitos dos aspetos da produção e manutenção dos decks de madeira que obrigam a uma utilização intensiva de recursos.
Fonte para case studies: sítios Web das empresas Ball Corporation, Brambles, Darling Ingredients, DS Smith e Trex. Estes números baseiam-se nas últimas informações disponíveis através dos documentos e relatórios das empresas.
As opiniões expressas neste documento não devem ser consideradas como sendo uma recomendação, conselho ou previsão. Não nos é possível dar conselhos financeiros. Caso tenha qualquer dúvida sobre a adequação do seu investimento, deverá falar com o seu consultor financeiro.
1 Fonte: https://nepis.epa.gov/Exe/ZyPDF.cgi?Dockey=P100U8YT.pdf
2 Fonte: Brookfield Renewable Partners III report (pág. 24).
3 Fonte: Leeds Carbon Roadmap report, pág. 2
4 Fuente: Brookfield Renewable Partners III report (pág. 24).
5 Fonte: A fonte da informação vem do relatório de sustentabilidade da empresa, disponível em seu site. trex-sustainability-report-catalog_d15-sspdf.pdf (Pág. 31)