Alinhar um fundo de investimento com o Acordo de Paris

5 min par ler 16 out 23

Queira consultar o glossário para uma explicação sobre os termos de investimento utilizados ao longo deste artigo.

Estamos convictos de que a melhor forma de alinhar um fundo de investimento com os objetivos do Acordo de Paris é assumir uma abordagem específica por empresa, mediante a qual consideramos os impactos climáticos concretos das empresas nas quais investimos e as medidas que estão a tomar, ao invés de nos centrarmos apenas nas métricas ao nível da carteira. Mais especificamente, procuramos empresas que estão a empreender ações climáticas positivas, reduzindo as suas próprias emissões ou fornecendo soluções para que outras empresas o façam.

Resultados concretos, não apenas métricas

As alterações climáticas são uma realidade que existe para além dos parâmetros de um fundo de investimento. Como tal, quando investimos, centramo-nos no impacto concreto de cada empresa participada e nas ações positivas que está a levar a cabo, em vez de nos focarmos apenas nas métricas ao nível da carteira. Apesar de acreditarmos que estas últimas nos oferecem uma perspetiva importante sobre o impacto climático das empresas beneficiárias do nosso investimento e façam parte do nosso processo de investimento, dar prioridade às métricas acima de tudo o resto pode ser contraintuitivo.

Por exemplo, um gestor de fundos que se centre exclusivamente nos dados das emissões da carteira poderá deter apenas um conjunto de empresas tradicionalmente de baixas emissões, como empresas de desenvolvimento de software. À primeira vista o fundo poderá parecer estar alinhado com o Acordo de Paris, mas não contribui necessariamente para a redução das emissões absolutas, que é necessária para limitar o aumento da temperatura a nível mundial. Continuaria a existir o mesmo nível de emissões de carbono, mas estas estariam meramente fora do fundo.

Uma abordagem específica por empresa

Consideramos que é preferível centrarmo-nos em cada empresa individualmente ao invés de adotarmos uma abordagem ao nível da carteira. Temos em conta a quantidade de emissões produzidas, os planos de redução de emissões, os progressos face a essas metas e, se aplicável, a quantidade de emissões que as empresas ajudam a evitar através das soluções climáticas que oferecem a outras empresas. Desta forma, podemos aferir com mais eficácia de que modo uma empresa contribui para os objetivos do Acordo de Paris, como interagir melhor com a empresa e como é que cada empresa poderá tirar partido da tendência de descarbonização que deverá persistir ao longo das próximas décadas.

De igual modo, a maioria das empresas que procuram reduzir as emissões não irão registar uma diminuição constante e linear ano após ano. Ao invés, as empresas deparar-se-ão com alguma volatilidade à medida que procedem a alterações, como a mudança para energias renováveis ou o lançamento de um novo processo mais eficiente. Se os fundos se centrarem apenas nas métricas de redução das emissões ao nível da carteira, uma empresa poderá ser excluída do fundo antes que sejam visíveis os resultados destas mudanças positivas. Além disso, um reduzido número de empresas poderá ser responsável pela maioria das emissões da carteira, sobretudo se pertencerem a setores muito intensos em termos de emissões, como a indústria transformadora. Se só for prestada atenção às métricas ao nível da carteira, o gestor do fundo poderá sentir-se tentado a pura e simplesmente reduzir a participação nestas empresas, assim melhorando os indicadores de alto nível, mas não tendo qualquer impacto concreto.

Envolvimento ativo

O envolvimento ativo também deverá constituir uma parte integrante do processo de investimento dos fundos que procuram estar alinhados com as metas do Acordo de Paris. Através do envolvimento com as empresas nas quais investimos, podemos encorajar mudanças positivas, designadamente, ao nível da melhoria das divulgações sobre as emissões ou da definição das metas baseadas na ciência para a redução das emissões. Além disso, podemos incentivar as empresas a vincularem a remuneração dos executivos a indicadores relacionados com o clima. E se o desempenho de uma empresa estiver aquém das suas metas, podemos interagir com a empresa para entender os motivos para tal e encorajar a que sejam tomadas mais medidas.

Medir a intensidade de carbono

Acreditamos que resultados concretos são o elemento mais importante de uma estratégia de investimento alinhada com as metas do Acordo de Paris, mas, na prática, também consideramos métricas ao nível da carteira, incluindo a intensidade de carbono – a quantidade de emissões de carbono por milhões de USD de vendas. Utilizamos a intensidade de carbono como um quadro para avaliar a elegibilidade das empresas e medir o impacto climático dos fundos.

O nosso leque de fundos que procuram estar alinhados com as metas do Acordo de Paris podem incluir empresas com uma intensidade de carbono pelo menos 50% inferior ao valor de referência. É o que se designa de “empresas de baixo carbono”. Aquelas que têm uma intensidade de carbono superior a 50% do valor de referência devem ter definido ou assumido um compromisso para definir metas baseadas na ciência para a redução das emissões e, como tal, são consideradas “empresas numa tendência de redução de carbono”. Além disso, procuramos manter uma Intensidade de Carbono Média Ponderada (Weighted Average Carbon Intensity – WACI) pelo menos 50% inferior à do valor de referência. A WACI é a intensidade de carbono de cada participação, ponderada face à sua proporção no fundo.

Empresas que não têm efeitos negativos

Nas estratégias alinhadas com as metas do Acordo de Paris, procuramos incluir empresas que apresentam uma boa sustentabilidade ou credenciais em matéria de ESG. Neste sentido, também excluímos determinadas empresas do nosso universo de investimento se violarem o princípio de não ter efeitos negativos significativos. Tratam-se de empresas que estão assinaladas como estando em violação do Pacto Global das Nações Unidas, um quadro global para as empresas adotarem políticas sustentáveis e socialmente responsáveis. De igual modo, excluímos empresas de vários setores, nomeadamente os setores de extração de combustíveis fósseis e armas controversas.

O valor e rendimento dos ativos do fundo diminuirá e também aumentará, o que fará com que o valor do seu investimento diminua e aumente. Não há qualquer garantia de que o fundo alcance o seu objetivo, e o investidor poderá recuperar um valor inferior ao montante que inicialmente investiu.

As opiniões expressas neste documento não devem ser consideradas como sendo uma recomendação, conselho ou previsão. Saiba que a M&G Investments não pode dar-lhe aconselhamento financeiro. Caso tenha qualquer dúvida sobre a adequação do seu investimento, deverá falar com o seu consultor financeiro.

Por M&G Investments

O valor dos investimentos irá flutuar, o que fará com que os preços caiam, bem como aumentem, e você pode não recuperar o valor original investido. O desempenho passado não é um guia para o desempenho futuro.

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