4 min par ler 21 ago 23
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Os investidores de sustentabilidade e impacto podem incentivar resultados positivos canalizando o capital para empresas que combatem problemas ambientais e sociais, como a desigualdade e a exclusão. Neste artigo, mostramos como várias empresas de telecomunicações africanas estão a contribuir para a redução da desigualdade de género e a promoção de uma maior inclusão social, tanto nos seus setores quanto na sociedade em geral.
A exclusão financeira é muitas vezes vista como um dos obstáculos sociais mais prejudiciais que afeta de forma desproporcional as mulheres em todo o mundo. O problema é especialmente grave em regiões carenciadas em economias emergentes e em desenvolvimento, onde o acesso aos serviços bancários e financeiros pode estar drasticamente limitado. De igual modo prejudicial, mas talvez não tanto aos olhos do público, as barreiras à comunicação excluem os grupos vulneráveis das redes de telecomunicações, o que os impede de realizar transações básicas, como pagamentos móveis. Uma vez mais, infelizmente, este é um obstáculo que afeta de forma desproporcional as mulheres nas suas comunidades.
Naturalmente que depois também há a questão da desigualdade de género no local de trabalho. Entre a população adulta, 72% dos homens participam na força de trabalho por comparação com apenas 47% das mulheres, ao passo que as mulheres auferem apenas 77 cêntimos por cada dólar ganho pelos homens. Olhando especificamente para o setor das telecomunicações e segundo um inquérito da GSMA, as mulheres representam menos de 40% da força de trabalho a nível mundial em três quartos das empresas de telecomunicações inquiridas. A representação das mulheres na força de trabalho vai de um mínimo de 10% até cerca de 52% (equilíbrio de género) em algumas empresas.
Os investidores que procuram ter um impacto positivo nesta área podem olhar, por um lado, para empresas que apostam na diversidade e possuem políticas de trabalho inclusivas e, por outro, para empresas que promovem a inclusão social através dos seus produtos e serviços. No que toca a estas últimas, as empresas de telecomunicações africanas desempenham um papel preponderante ao fornecerem soluções móveis, de dados e financeiras em regiões com pouca penetração, chegando a milhões de pessoas carenciadas. As mulheres beneficiam especialmente destas soluções; quase 60% das mulheres na África Subsariana vivem numa situação de exclusão financeira e, como tal, dependem de soluções de pagamentos móveis e da conetividade para realizar transações e operações bancárias.
Tal reveste-se de extrema importância se considerarmos que perto de 90% das mulheres na África Subsariana trabalham no setor informal. Assim, as empresas de telecomunicações ou as empresas de torres de telecomunicações em África têm sido essenciais para fomentar a inclusão social das mulheres e das populações carenciadas nas suas comunidades, mas, ao mesmo tempo, têm também um papel a desempenhar na promoção de uma maior inclusão de género num setor que ainda continua a ser dominado por homens.
Em África, a baixa representação de género resulta de vários fatores, incluindo a baixa participação de mulheres em cursos superiores STEM (ciências, tecnologia, engenharia e matemática) e a falta de líderes femininas e oportunidades de mentoria para talentos jovens e emergentes. A segurança também continua a ser um constrangimento substancial no setor das telecomunicações, com destaque para importantes riscos como a condução de veículos e os trabalhos em altura. Contudo, além destes riscos, a segurança nas deslocações de e para o trabalho e o trabalho em zonas remotas também constituem um risco e obstáculo para as mulheres neste setor.
Como resultado, várias empresas importantes de telecomunicações e de torres de telecomunicações em África têm desempenhado um papel cada vez mais ativo na promoção de uma maior diversidade de género, apostando na formação e na melhoria das medidas de segurança. Não se trata apenas de assegurar uma maior representação de género ao nível da administração, mas também em toda a força de trabalho, o que deve contribuir para a criação de uma boa base de talento e líderes femininas emergentes para os próximos anos.
A Safaricom, uma empresa de telecomunicações que faz parte dos nossos fundos de impacto em capitais públicos, registou enormes progressos em matéria de diversidade de género, com 35% ou mais de representação feminina no conselho de administração ou em cargos de alta direção. A Safaricom é também uma das poucas empresas que alcançou um equilíbrio de género na sua força de trabalho. Tal resulta dos seus esforços significativos para dar acesso a oportunidades educativas, investir em mulheres dentro da cadeia de abastecimento e criar uma sólida base de talentos através de programas de formação e mentoria robustos.
Outra das empresas de impacto na qual investimos é a Helios Towers que se dedica à exploração de torres de comunicações móveis em África e conta com uma diversidade de género de 40% a nível da administração. A representação das mulheres nos cargos de alta direção e na força de trabalho é relativamente baixa, situando-se em 24%. Contudo, a empresa tem como objetivo aumentar a diversidade de género na força de trabalho para 30% até 2026, através de esforços similares, com ênfase na melhoria das medidas de segurança e na formação para trabalhos no terreno. No entanto, importa assinalar que a Helios Towers está presente em nove mercados com uma ampla variedade de diferenças culturais, pelo que a promoção de uma maior diversidade de género nas suas operações em África pode ser mais difícil por comparação com as empresas que levam a cabo as suas atividades em mercados mais concentrados. Além disso, o segmento das torres de telecomunicações apresenta um conjunto específico de desafios de segurança e físicos para as mulheres.
Porém, ainda que não seja possível fazer comparações diretas, é animador ver que ambas as empresas estão empenhadas em reforçar ou manter um elevado nível de diversidade. Além disso, é positivo verificar que estão a assumir seriamente o seu papel enquanto promotoras da inclusão social, ao mesmo tempo que o fazem de uma forma cada vez mais inclusiva em termos de género.
O valor e rendimento dos ativos do fundo diminuirá e também aumentará, o que fará com que o valor do seu investimento diminua e aumente. Não há qualquer garantia de que o fundo alcance o seu objetivo, e o investidor poderá recuperar um valor inferior ao montante que inicialmente investiu.
As opiniões expressas neste documento não devem ser consideradas como sendo uma recomendação, conselho ou previsão. Saiba que a M&G Investments não pode dar-lhe aconselhamento financeiro. Caso tenha qualquer dúvida sobre a adequação do seu investimento, deverá falar com o seu consultor financeiro.