Cobertura da classe de ações e risco cambial

2 min par ler 11 mar 25

Queira consultar o glossário para uma explicação sobre os termos de investimento utilizados ao longo deste artigo.

  • As classes de ações com cobertura cambial procuram mitigar os efeitos dos movimentos entre a moeda base de um fundo e a moeda da classe de ações coberta.
  • Nesta sessão de perguntas e respostas, comparamos as implicações de desempenho para as classes de ações com e sem cobertura de vários cenários em mercados cambiais.

Como e porque fazemos cobertura de risco cambial?

A metodologia de cobertura que aplicamos para classes de ações cobertas na gama de fundos M&G Juro Fixo é conhecida como replicação de Hedge Funds. Foi concebido para reproduzir o mais fielmente possível os rendimentos da moeda de base de um fundo.

Oferecemos replicação de Hedge Funds para minimizar os efeitos de movimentos cambiais entre a moeda de base de um fundo, que é normalmente o dólar americano, e a moeda em que a classe de ações coberta está denominada, que é frequentemente a moeda nacional do investidor.

O fundo está exposto a diferentes moedas. São utilizados derivados para minimizar, mas podem nem sempre liminar, o impacto dos movimentos das taxas de câmbio.

Então, as classes de ações cobertas estão expostas a algum risco cambial?

Sim. As classes de ações cobertas mantêm exposições no mercado aberto a moedas diferentes da moeda de base do fundo, uma vez que permanecem expostas ao impacto de qualquer posição cambial assumida pelo gestor do fundo face à moeda de base. Estas outras exposições cambiais podem ser relativamente pequenas, ou podem ser consideráveis, dependendo da opinião do gestor do fundo sobre o interesse de as deter. É importante salientar que a inclusão destas outras posições cambiais num fundo resulta no desempenho de uma classe de ações coberta que mantém alguma sensibilidade aos movimentos cambiais. Esta sensibilidade refletirá os movimentos entre as outras moedas e a moeda de base do fundo. Por sua vez, estas posições cambiais contribuirão para ou diminuirão os rendimentos e o valor líquido dos ativos (NAV) da classe de ações da moeda de base do fundo.

É igualmente importante referir que, embora a metodologia das classes de ações cobertas minimize o efeito dos movimentos entre a moeda de base e a moeda da classe de ações, 100% do NAV da classe de ações da moeda de base está coberto (ou seja, no caso das classes de ações cobertas em libras esterlinas, está coberto em libras esterlinas, enquanto no caso das classes de ações cobertas em euros, está coberto em euros).

Para as classes de ações não cobertas, o desempenho será sensível aos movimentos entre todas as moedas (incluindo a moeda de base do fundo) e a moeda denominada da classe de ações.

Será que o processo de cobertura permite uma reprodução perfeita dos rendimentos?

A replicação de Hedge Funds nunca é perfeita, devido a vários fatores que podem causar desvios. Embora um fator marginal se deva às comissões cobradas pela State Street, o nosso fornecedor externo de serviços de cobertura, a principal fonte de variação é a diferença de taxa de juro entre a moeda de base do fundo e a moeda de denominação da classe de ações coberta. 

A replicação de Hedge Funds é realizada utilizando contratos Forward Foreign Exchange (FFX) entre a moeda de base do fundo e a moeda da classe de ações coberta. Os contratos FFX são cotados com base na taxa de câmbio à vista entre as duas moedas e na diferença entre as suas taxas de juro. Os rendimentos da classe de ações da moeda de base e da classe de ações coberta para este tipo de cobertura podem, portanto, ser diferentes, refletindo este diferencial de taxa de juro.

Por exemplo, se a classe de ações em dólares americanos de um fundo rendesse 5% e não existisse qualquer diferencial de taxa de juro entre o dólar americano e a libra esterlina, seria de esperar que uma classe de ações com cobertura em libras esterlinas também rendesse 5% (mais ou menos o efeito líquido de outros fatores de deslizamento). No entanto, se as taxas de juro atuais fossem diferentes, seria de esperar que os rendimentos fossem diferentes. As figuras 1 e 2 mostram estes resultados para uma classe de ações com cobertura em libras esterlinas; os mesmos princípios são aplicáveis a classes de ações com cobertura em euros (e cobertura noutras divisas).

O valor dos investimentos irá flutuar, o que fará com que os preços diminuam e aumentem. Poderá não recuperar o montante inicialmente investido. As opiniões expressas neste documento não devem ser consideradas como sendo uma recomendação, conselho ou previsão. Não nos é possível dar conselhos financeiros. Caso tenha qualquer dúvida sobre a adequação do seu investimento, deverá falar com o seu consultor financeiro.

Figura 1. As taxas de juro são as mesmas

(a) Rendimento de fundos EUA

5,00%

(b) Taxa de juro USD

0,50%

(c) Taxa de juro GBP

0,50%

(d) Diferencial de taxa de juro = (c) menos (b)

0,00%

Rendimento classe de ações com cobertura GBP = (a) mais (d)

5,00%

Apenas para efeitos ilustrativos.

Figura 2. Efeito do diferencial de taxa de juro

(a) Rendimento de fundos EUA

5,00%

(b) Taxa de juro USD

0,50%

(c) Taxa de juro GBP

0,05%

(d) Diferencial de taxa de juro = (c) menos (b)

-0,45%

Rendimento classe de ações com cobertura GBP = (a) mais (d)

4,55%

Apenas para efeitos ilustrativos.

E quanto a variações entre ações cobertas e não cobertas?

Tal como referido anteriormente, apenas cobrimos a moeda de base de um fundo com a moeda da classe de ações do investidor. Por conseguinte, no caso dos nossos fundos que incluem no seu posicionamento uma visão significativa da moeda, um investidor que compre a classe de ações coberta continua a estar exposto aos movimentos de todas as outras moedas detidas na carteira.

Para as classes de ações cobertas, esta exposição é entre as moedas do fundo e a moeda de base. No entanto, para classes de ações não cobertas, a exposição é entre as moedas do fundo e a moeda em que a classe de ações está denominada.   

Por exemplo, suponhamos que a moeda de base de um fundo é o dólar americano e que o fundo está posicionado com 80% do seu Valor Patrimonial Líquido exposto ao dólar americano, 10% ao peso mexicano e 10% ao real brasileiro. Se um investidor do Reino Unido optar por investir na classe de ações do fundo em libras esterlinas (não cobertas), está a optar por estar exposto ao dólar americano face à libra esterlina, bem como ao peso e ao real face à libra esterlina. 

Para um investidor na classe de ações cobertas do fundo, é relevante notar novamente que apenas o dólar americano é coberto em relação à libra esterlina, mas não apenas o montante de dólares americanos na carteira nessa altura: cobrimos 100% do Valor Patrimonial Líquido em dólares americanos face à libra esterlina. Isto seria verdade mesmo que 100% do fundo fosse investido no real. O efeito disto é que um investidor que detenha a classe de ações com cobertura em libras esterlinas no exemplo acima tem uma exposição de 80% à libra esterlina, 10% ao peso mexicano face ao dólar americano e 10% ao real brasileiro face ao dólar americano (ver Figura 3).

Figura 3. Exposições cambiais de classes de ações cobertas e não cobertas

Exposição do fundo

Exposição por classe de ações

GBP não coberta

GBP coberta

Exposição USD O investidor possui USD face à GBP O investidor possui GBP
Exposição à moeda local (LC)  O investidor possui LC face à GBP O investidor possui LC face à USD

Tomando um cenário simples de posicionamento de um fundo para demonstrar como estes fatores causam variações de desempenho, suponham que o fundo (cuja moeda base é o USD), estava 100% investido em reais, e que os seguintes movimentos de moeda foram registados num período:

  • O USD valoriza 5% em relação à GBP (por outras palavras, a GBP desce 5% em relação ao USD)
  • O BRL valoriza 5% face à GBP

Para a classe de ações não cobertas em libras esterlinas, os rendimentos são de 10% (de BRL +5% e GBP -5%). No entanto, a classe de ações com cobertura em libras esterlinas rende 0%, uma vez que os movimentos do real brasileiro devem ser considerados numa perspetiva do dólar americano. Assim, a classe de ações com cobertura em libras esterlinas não ganhará necessariamente se as moedas locais se valorizarem face à libra esterlina, mesmo que essas moedas locais não estejam cobertas.

Isto deve-se ao facto de serem exposições face ao dólar americano e, por conseguinte, terem um efeito de desempenho através de movimentos face ao dólar americano.

Os princípios e resultados demonstrados no cenário anterior também são aplicáveis às classes de ações com cobertura em euros (e com cobertura noutras moedas).

Por M&G Investments

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